Quero parar e respirar

Quem sabe não seja hora mesmo de dizer que basta, que não suporto mais essa vida dupla, entre o glamour e quem sou eu de verdade, me esconder por trás de uma imagem superficial, para agradar, tudo é apenas material, sem conteúdo e valor sentimental...
Hoje estou cansada.
Olho ao meu redor. Observo as pessoas que costumam estar presentes em festas e eventos da cidade. Reparo suas roupas, maquiagem, seus sorrisos e seus assuntos.
Reparo a beleza e o vazio de suas atitudes. Reparo como dançam e balançam seus copos cheios. Reparo nos seus papos vazios.
Todos se conhecem, se misturam e são homogêneos em suas diferenças. Praticamente todo mundo tenta ser igual.
“Me espanta que tanta gente, minta descaradamente, a mesma mentira.”- diriam os Engenheiros do Havaí.
As vezes penso na futilidade das coisas e das relações. Percebo como há uma necessidade de superexposição. São 32 dentes aparecendo o tempo todo. Cabelo impecável. Amigos descolados. Roupas novas. Muito gloss e purpurina. O grande lance é ser amigo satélite de um astro maior, e sugar luz de sua popularidade, afinal é preciso brilhar!
Ora, todos temos brilho próprio. Basta sabermos fazer nossa luz acender.
Fico pensando onde estão os amigos de infância, aqueles que andaram de bicicleta e que caíram de árvores comigo? Onde está a minha melhor amiga que ficou do meu lado, quando sofri a primeira decepção amorosa de minha vida? Onde estão meus colegas de escola, meus amigos de faculdade? Meus amigos de verdade?
Perderam-se entre escolhas fundamentais entre o ser, e o ter. Entre o sentir e o aparentar.
Eu tenho conhecido tanta gente, tenho conversado sobre tantos assuntos, tenho sido tantas Jussaras diferentes, que me perdi de mim mesma.
E noto que tem muita gente se perdendo. O que está valendo é quem está melhor vestido, quem tem o melhor carro, quem tem o maior número de amigos, quem faz a melhor festa, quem fala mais alto, quem tem mais programas na agenda, quem fica menos em casa.
Quero parar e respirar.