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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mediunidade


Mediunidade é uma sensibilidade existente em todos os seres vivos , que lhes permite um elo de ligação entre o mundo físico e o mundo espiritual. Apresenta-se através de fenômenos de efeitos intelectuais (psicografia, psicofonia, clarividência, clariaudiência, etc) ou efeitos físicos (batidas, movimento de objetos, materializações, fenômenos de voz direta, etc).
A mediunidade não é exclusividade do espiritismo e existe desde todos os tempos. Essa faculdade humana, ainda ignorada e rejeitada, tem sido o alicerce de todas as religiões, através de revelações, visões, curas, precognições (profecias), e outras fenomenologias.
É perfeitamente natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, uma vez que também somos espíritos, embora estejamos encarnados. Essa comunicação se estabelece em níveis mental-emocional e dentro dos princípios da lei de sintonia.
Possuir sensibilidade mediúnica não implica em ser privilegiado nem ser mais evoluído, pois essa faculdade independe das condições morais do indivíduo. Por essa razão, freqüentemente encontramos pessoas de moral duvidosa dotadas com expressivas possibilidades mediúnicas, enquanto outras, de conduta irrepreensível e dedicadas a Deus, mas incapazes de produzirem o menor fenômeno.
O maior obstáculo na prática da mediunidade é desconhecimento de suas leis. Disso resulta sua utilização incorreta e irresponsável, trazendo prejuízos e dissabores ao próprio médium e a quem lhe recorre às faculdades. Nessa categoria estão os pretensos ¿resolvem tudo¿, pessoas de índole fanática, os adivinhadores ou ledores de sorte, os ideologicamente fascinados, etc.Outro inconveniente é o fato de todo médium iniciante receber impressões desagradáveis de espíritos inferiores, em função de sua insegurança e inexperiência.

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉDIUNS:

Médiuns de efeitos físicos: existem os facultativos, que têm consciência dos fenômenos que produzem, e os involuntários ou naturais que são insconscientes dos efeitos que produzem.
Normalmente, seus trabalhos são voltados para o despertamento da incredulidade humana, levando-a a cogitar sobre a existência dos espíritos e as realidades do mundo invisível. Os fenômenos são de ordem material, como movimento de objetos inertes, ruídos, voz direta, curas fenomênicas, transportes, levitação de corpos, interferências em contatos por instrumentos eletrônicos como TCI e EVP, a transcomunicação instrumental (TCI) estuda a comunicação entre vivos e mortos através de aparelhos eletrónicos como por exemplo rádio, televisão, telefone e computador.Por vezes o termo é confundido com o "Electronic Voice Phenomena" (EVP) que, por se tratar apenas da manifestação de vozes em aparelhos, está contido dentro da TCI.


Médiuns de efeitos intelectuais:
São médiuns cujas faculdades produzem comunicações inteligentes, de conseqüências morais e filosóficas. Através delas podemos entrever as dimensões invisíveis e particularidades do modo de vida dos seres espirituais.

Alguns tipos:
Médiuns sensitivos ou impressionáveis

São pessoas capazes de sentirem apresença dos espíritos por uma vaga impressão. Essa variedade não tem um caráter bem definido. É a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras.

Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do espírito que se aproxima, mas até a sua individualidade.. Torna-se, com relação aos espíritos, verdadeiro sensitivo. Um bom espírito produz sempre uma impressão suave e agradável, a de um mau espírito, ao contrário, é penosa, angustiosa, desagradável.

Médiuns audientes

Ouvem a voz dos Espíritos. O fenômeno manifesta-se algumas vezes como uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo. Outras vezes, dá-se como uma voz exterior, clara e distinta, semelhante a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem, assim, estabelecer conversação com os Espíritos. Quando têm o hábito de se comunicar com determinados espíritos, eles os reconhecem imediatamente pela natureza da voz.

Esta faculdade é muito agradável, quando o médium só ouve espíritos bons, ou unicamente aqueles por quem chama. É perturbadora quando um espírito malfazejo o assedia com freqüência, fazendo-lhe ouvir a cada instante as coisas mais desagradáveis e não raro as mais inconvenientes. Neste caso já se instalou a obsessão, mas que, com cuidados necessários, é possível ser evitada ou repelida.

Médiuns falantes

O médium falante geralmente se exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado e em estado normal, raramente guarda lembrança do que diz. Nele, a palavra é um instrumento de que se serve o Espírito, com o qual uma terceira pessoa pode comunicar-se, como pode com o auxilio de um médium audiente.
Nem sempre, porém, é tão completa a passividade do médium falante. Alguns têm a intuição do que dizem, no momento mesmo em que pronunciam as palavras.

Médiuns videntes

Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns possuem essa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo. É muito raro a faculdade da vidência se mostrar permanente. Quase sempre é efeito de uma crise passageira.

Médiuns sonambúlicos

Pode considerar-se o sonambulismo uma variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenômenos que freqüentemente se acham reunidos. O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio espírito. É sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo. Suas idéias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos espíritos. O médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha. É passivo e o que diz não vem de si.

Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo. Dá-se mesmo que, muitas vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação.

Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais é com freqüência sugerido por outros Espíritos.

Médiuns curadores

Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetis-mo.

Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel. Porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico. No caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso.

Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.

Médiuns escreventes ou psicógrafos

De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor. Para o médium, a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício.

Médiuns Psicógrafos ou Escreventes: São os mais comuns. Transmitem as comunicações dos espíritos através da escrita. São subdivididos em mecânicos, semimecânicos e intuitivos.

Mecânicos: Não têm consciência do que escrevem e a influência do pensamento do médium na comunicação é quase nenhuma. Como há um grande domínio da entidade sobre a faculdade mediúnica a idéia do espírito comunicante se expressa com maior clareza. Há casos em que o médium psicografa mensagens complexas conversando com outras pessoas, totalmente distraído do que escreve.

Semimecânicos: A influência da entidade comunicante sobre as faculdades mediúnicas não é tão intensa, pois a comunicação sofre uma influência do pensamento do médium. Isso ocorre com a maioria dos médiuns psicógrafos.

Intuitivos: Recebem a idéia do espírito comunicante e a interpretam, desenvolvendo-a com os recursos de suas próprias possibilidades morais e intelectuais.

O Espiritismo tem como base a análise científica dos fatos e o raciocínio lógico, ou “a fé raciocinada”. Não se resume aos fenômenos mediúnicos. Não podemos ficar presos apenas nas manifestações espíritas; é preciso conhecer, estudar e, mais ainda, vivenciar os ensinamentos contidos na codificação kardequiana e em outras obras.
Se não procurarmos conhecer a fundo os ensinamentos espíritas e apenas ficarmos admirados com os fenômenos, agiremos como um homem sedento que encontrou um copo de cristal cheio de água, mas morreu de sede por se demorar admirando a beleza do copo.
A mediunidade, trabalhada com princípios elevados e altruístas, é como um belo cristal a refletir a Sabedoria Divina. Os ensinamentos que os espíritos superiores nos transmitem é a água fresca que a humanidade tanto necessita para revigorar seu espírito sedento de Paz.

Inspiração
Em qualquer consideração sobre a mediunidade, não te esquives à inspiração, campo aberto a todos nós e no qual todos podemos construir para o bem, assimilando o pensamento da Esfera Superior.
Não vale fenômeno sem proveito.

Um homem que enxergasse, num vale de cegos, sem diligenciar qualquer auxílio aos irmãos privados da luz, não passaria de uma lente importante, entregue a si mesma.
Aquele que conversasse numa província de mudos, fugindo de prestar-lhes concurso na reconquista da fala, assemelhar-se-ia tão-somente a uma discoteca ambulante.
Quem se locomovesse à vontade, numa terra de paralíticos, negando-lhes apoio para que readquirissem a herança do movimento, seria para eles uma ave rara e anormal, agindo em forma humana.
A pessoa que ouvisse, numa ilha de surdos, desertando da cooperação fraterna para que reaprendessem a escutar, seria apenas uma registradora de sons.
A criatura que ensinasse lógica e conduta numa colônia de alienados mentais e não procurasse um meio ainda que simples, de amparar-lhes o retorno à razão, estaria, entre eles, como arquivo de máximas inassimiláveis.

Não te asseveres incapaz de servir, porque de falte mais ampla incursão no inabitual.
Recurso psíquico, sem função no bem, é igual à inteligência isolada ou ao dinheiro morto, excelente aglutinantes da vaidade e da sovinice.
De toda ocorrência, observa o préstimo.
E certos de que o pensamento é onda de força viva que nos coloca em sintonia com os múltiplos reinos do Universo, busquemos a inspiração do bem para o trabalho do bem que nos compete, conscientes de que as maravilhas mediúnicas, sem atividade no bem de todos, podem ser admiráveis motivos a preciosas conversações entre os esbanjadores da palavra, mas, no fundo, são sempre o exclusivismo de alguém, sem utilidade para ninguém.

Do livro Seara dos médiuns. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

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